UMA HISTÓRIA DE LUTA E APRENDIZADO: CONHEÇA A INSPIRADORA BATALHA DE MAGDA BUENO E SEUS ANIMAIS ESPECIAIS
1/24/2021A PROTETORA DE ANIMAIS COLECIONA APRENDIZADOS CUIDANDO DA VIDA DE SEUS BICHINHOS ESPECIAIS
Foto: Pluf e Magda Bueno na festa de aniversário de 10 anos do cachorrinho – Arquivo pessoal / @pluf3060 (Instagram)
Moradora da cidade de Divinópolis, MG, Magda Bueno, 35, é bióloga especializada em análises clínicas, voluntária de uma ONG de animais e tutora de 8 animais. Um deles se chama Pluf, tem 10 anos de idade e é um cãozinho especial, cadeirante. Foi adotado ainda filhote, com 3 meses de idade.
Magda conta que o animal apareceu na rua de sua casa, triste e infestado de carrapatos. Ele aparentava ter sido abandonado. Logo, ela começou a dar medicamentos para tratar os parasitas. Mesmo tendo um espaço precário em casa, a bióloga não tinha coragem de devolvê-lo para rua. Foi então que decidiu adotar Pluf.
Porém, nem sempre Pluf foi um animal especial, pois antes de outubro de 2019, ele era um cachorrinho sem deficiências, até sofrer um covarde atropelamento em frente ao portão de sua casa.
A maldade humana
Pluf foi atropelado por um carro que fugiu do local, sem prestar socorros. Uma testemunha seguiu o carro e descobriu a placa, e foi a partir disso, que Magda começou sua própria investigação para encontrar respostas para quem havia cometido tamanha maldade contra seu animal.
‘’Liguei para a polícia na hora, mas infelizmente eles se recusaram ir, disseram que não poderiam comparecer. 2 dias depois, fui à polícia civil e fiz um boletim de ocorrência’’, conta Magda Bueno.
Após dias de intensas pesquisas e conversas com diversas pessoas, a tutora de Pluf conseguiu as filmagens do ocorrido, informações do motorista que cometeu o atropelamento e uma testemunha. Conseguiu também um advogado, que entrou com o processo na justiça, pedindo 4 mil reais de indenização e 5 mil por danos morais.
O tratamento
Após ser atropelado, Pluf foi internado, sentindo muitas dores, que não passavam nem com os vários medicamentos que estava tomando. O cachorrinho fez uma radiografia que logo mostrou, ele estava paraplégico por conta de uma fratura na coluna.
O veterinário já estava desconfiado, pois Pluf não conseguia andar, só rastejava. Foi então que o profissional sugeriu e insistiu muito para que a bióloga realizasse a eutanásia no animal. Magda logo recusou a ideia.
A tutora de Pluf conseguiu encontrar um profissional especializado em animais paraplégicos, que logo avaliou o animal e disse que com o tratamento certo, ele poderia viver normalmente, sem a necessidade de eutanásia. O animalzinho teve que realizar uma grande cirurgia na coluna, para ajudá-lo com as dores que sentia. O procedimento foi um sucesso.
Pluf em uma consulta veterinária - Foto: Arquivo pessoal / @pluf3060 (Instagram)
Cansaço
Magda conta que os dias do acidente, investigação e cirurgia, foram difíceis e cansativos: ‘’foram dias de muita tensão. Eu correndo com ele (Pluf) de Nova Serrana para Divinópolis; trabalhando a noite e saindo do serviço cedo sem dormir; ‘pegando BR’; pegando carro emprestado com meu namorado para trazer o Pluf; indo sozinha levar ele na clínica. Foi uma semana sem dormir e comer, pois eu não tinha tempo’’.
Após o dia da operação, Magda Bueno foi buscá-lo. Porém, logo o veterinário orientou-a a deixar o animal por mais dois dias na clínica, visto que o estado físico e mental da tutora estava visivelmente abalado por conta dos últimos dias. ‘’O veterinário disse que eu estava precisando de mais ajuda do que o cachorro, precisava descansar. Só de olhar para mim você via que a situação estava séria. Em uma semana perdi 4kg’’, contou a tutora de Pluf.
Magda Bueno e Pluf - Foto: Arquivo pessoal / @pluf3060 (Instagram)
Recuperação
Após alguns dias na clínica, pós operação, Pluf chegou em casa. A tutora conta que ele logo já queria subir no sofá (se arrastando), que para o animal parecia tudo normal. A recuperação foi um sucesso também.
O namorado de Magda aprendeu a fazer uma cadeirinha de rodas com cano PVC, e então fez para Pluf. Porém, mesmo com insistência da tutora, o animal tinha medo do aparelho. A bióloga ganhou então uma cadeirinha ajustável de sua amiga, e então, começou a insistir mais para que seu cãozinho se adaptasse.
‘’Todos os dias eu o colocava na cadeirinha. Ele ficava muito assustado e inseguro, não andava. Até que um dia, 1 mês após o atropelamento dele, ele aceitou o aparelho pela primeira vez. Hoje quando pega a cadeirinha ele já se anima e sabe que é para passear’’, disse a bióloga.
Hoje, Pluf está adaptado. Ele corre, sobe, desce, entra no meio do mato, quando vê outros cães, até se arrisca a enfrentá-los, conta sua tutora: ‘’para ele a vida está normal, não existem limites, ele pode tudo. As vezes ele enrosca em algum lugar e capota, porque ele não lembra que está em uma cadeirinha’’.
Pluf - Foto: Arquivo pessoal / @pluf3060 (Instagram)
Um novo rumo
A bióloga, que trabalhava na área em um hospital, conta que teve que sair da área para poder dar a atenção que Pluf necessita. Hoje ela trabalha em uma loja de seu namorado. ‘’Um animal deficiente é como um bebê recém-nascido. Ele (Pluf) precisa de uma atenção exclusiva, toma medicamentos de uso contínuo, necessita de trocar fralda de 3 em 3 horas’’, diz Magda.
‘’Para mim, meus animais são como filhos. Nenhuma mãe desiste de seus filhos. O que me da forças para não desistir, é o amor que eu sinto por ele. Por muito tempo, ele foi minha única companhia, por altos e baixos ele sempre estava ali’’, conta Magda Bueno.
A tutora agradece por ter saúde para poder cuidar de seus cães, diz que mesmo com as dificuldades financeiras, ela nunca desistiria de lutar por seus animais. Ela comenta que já trabalhou em diversas áreas, e agora, para sustentar Pluf, não é diferente.
Cuidadora de animais, catadora de materiais recicláveis, fazedora de bonecas artesanais: essas são algumas das atividades que a bióloga realizou nos últimos 2 anos para poder ter renda extra e cuidar de seu cãozinho.
Magda conta que atualmente sua dívida com os gastos com Pluf são de mais de 13 mil reais, que correspondem para os custos com medicações, internamentos, consultas, exames e a operação.
Um dos problemas que mais afeta o cachorrinho, atualmente, são suas infecções urinárias recorrentes, que não melhoram devido a bactérias resistentes a antibióticos.
Cada tratamento de infecção custa em média R$1,500, explica a bióloga, que já tratou inúmeras das infecções que costumam voltar a cada 21 dias. Mas apesar disso tudo, ela conta que se sente recompensada por ter seu cãozinho:
‘’Minha maior recompensa é ver ele e vivo e feliz. Me sinto recompensada todos os dias’’.
Magda e Pluf - Foto: Arquivo pessoal / @pluf3060 (Instagram)
O JULGAMENTO
O suspeito de atropelar Pluf foi notificado, após o advogado de Magda entrar com o processo. Semanas depois, o acusado foi ao fórum e se informou sobre o caso. A tutora do animal conta que o homem foi até sua casa tirar satisfações sobre o processo, e tentou intimidá-la. Mas, ela não teve medo, e o processo continuou.
Em fevereiro de 2020 ocorreu o julgamento sobre o caso. Porém, o acusado não levou advogado, nem sua esposa, que também estava no processo, por se tratar da dona do veículo.
O empresário, acusado de atropelar o animal, negou as acusações. Porém, tudo mudou quando ele descobriu que havia vídeos provando as acusações.
Foi então, que ele admitiu ter atropelado o animal, mas acreditou que nada teria acontecido, já que, segundo ele, Pluf teria saído andando normalmente, afirmação que não condiz, já que o cachorro perdeu os sentidos das pernas traseiras.
Com encerramento do julgamento, em outubro de 2020 saiu a sentença: o acusado foi culpado, e teria que pagar apenas R$ 1.500 de indenização. Até o momento de produção dessa reportagem, o criminoso não foi notificado sobre a indenização que deverá pagar.
OLAVO
Além de Pluf, Magda tem outro animalzinho especial. Se trata de Olavo, um cãozinho cheio de energia e felicidade, que a tutora adotou em agosto do ano passado.
A tutora conta que o adotou após o ver na fila da lotérica. O animal parecia pedir por atenção, esperando por alguém que pudesse falar com ele. Foi então que ela o resgatou.
Olavo com 4 meses de idade – Foto: Arquivo pessoal
De início, sua ideia era resgatá-lo, cuidar e doa-lo. Porém, com passar dos meses, tudo mudou. Olavo testou positivo para Cinomose. Ele é assintomático, porém, necessita de tratamento. Toma vitaminas para sempre ter um bom sistema imunológico.
Isso acabou ajudando no tratamento de outra doença que ele também testou positivo, a doença do carrapato. E logo depois, a bióloga descobriu que o animal havia sido infectado pelo mosquito-palha, fazendo Olavo ter leishmaniose.
‘’Por mais que eu achasse que tudo estava difícil, pelo que ocorreu com Pluf, pela morte de uma das minhas cachorras, eu aprendi que não estava. Que tudo pode piorar. Olavo me mostrou que nós nunca podemos reclamar, que sempre temos que pensar que um dia as coisas vão melhorar’’, desabafa Magda Bueno.
Olavo atualmente, com 11 meses – Foto: Arquivo pessoal
Para a protetora de animais, não há escolha para desistir. Ela conta que jamais desistiria de uma vida. No momento ela aguarda ansiosamente pela recuperação de Olavo com a Cinomose, e regularmente realiza o teste, torcendo para que seja negativo.
Magda conta que em relação a leishmaniose, Olavo necessita de um remédio que custa em torno de R$1.500 a R$1.800, e que está indisponível no mercado atualmente. ‘’A doença (leishmaniose) tem tratamento, porém é caríssimo. Por enquanto, farei o que está dentro das minhas condições’’, relata a bióloga.
Link da matéria no post original: https://projetoamigoespecial.blogspot.com/2021/01/uma-historia-de-luta-e-aprendizado.html
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